Burnout em psicólogos: um retrato de uma sociedade que não para

Burnout em psicólogos revela o esgotamento silencioso de quem escuta o sofrimento alheio e agora busca reencontrar sentido e equilíbrio na prática.
Burnout em psicólogos em que uma mulher mais velha e grisalha sentada em uma poltrona cinza vestindo uma blusa roxa e uma calça jeans, com as mãos na testa e uma expressão cansada. No ambiente há um sofá também cinza com duas almofadas brancas, duas plantas e uma mesinha de madeira pinus com um café em copo descartável apoiado. Ela olha para um caderno em suas mãos.
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O burnout em psicólogos expõe uma das contradições mais dolorosas da prática clínica: quem se dedica a compreender o sofrimento do outro muitas vezes se perde nele. Entre sessões, demandas e histórias que ecoam, o cuidado, que deveria nutrir, começa a drenar. O corpo e a mente entram em alerta, e aquilo que um dia foi vocação transforma-se em peso invisível.

Nos últimos anos, o burnout em psicólogos deixou de ser um tema periférico e passou a ocupar o centro das discussões sobre saúde mental. A exaustão emocional atinge consultórios, clínicas e instituições, revelando o quanto os profissionais da escuta também estão imersos em uma cultura de produtividade e sobrecarga. O problema cresce em silêncio, mascarado por empatia, dedicação e uma cobrança interna por estar sempre disponível.

Entender o burnout em profissionais da saúde mental é mais do que reconhecer o cansaço, é enxergar o impacto de um sistema que exige demais de quem cuida. Este artigo mergulha nesse paradoxo com dados, estudos e relatos reais para compreender por que tantos psicólogos estão adoecendo e, principalmente, como é possível resgatar o equilíbrio entre o cuidado com o outro e o cuidado consigo.

Uma epidemia de burnout em psicólogos

Segundo a BBC Brasil, em 2023 estimava-se que cerca de 40% da população economicamente ativa já apresentava sinais da síndrome, um número alarmante que acende o alerta sobre nossas formas de trabalhar e viver. Durante e após a pandemia, essa condição ganhou visibilidade, pois muitos passaram a buscar apoio de um psicólogo para lidar com ansiedade, depressão e crises emocionais. Ainda assim, permanece a dúvida:

Se tantas pessoas precisam de ajuda, será que o próprio burnout em profissionais da saúde mental não seria uma das faces mais preocupantes dessa realidade?

Esse paradoxo se torna ainda mais evidente quando olhamos para a rotina de quem dedica a vida a cuidar da saúde mental. Se por um lado o psicólogo é chamado a apoiar pacientes em momentos de sofrimento, por outro ele mesmo pode ser vítima silenciosa de burnout.

Ao colocar a escuta e o acolhimento no centro de seu trabalho, o psicólogo muitas vezes esquece de cuidar de si, abrindo espaço para que o burnout em psicólogos se instale como um inimigo invisível.

O que é burnout?

Mulher loira e jovem com camisa social branca, sentada de frente para uma mesa com as mãos nas têmporas, de olhos fechados. Psicóloga em burnout. Na mesa há um tablet, um cellar com fones de ouvido, um caderninho e um café em copo descartável. Atrás da mulher há um móvel branco com uma bolsa preta em cima e uma impressora, ao lado, há um nicho com muitas pastas coloridas e grossas.

Para compreender por que tantos trabalhadores têm sido afetados, é importante entender o que significa a síndrome. De acordo com o Ministério da Saúde, o burnout é um distúrbio mental relacionado ao excesso de trabalho, marcado por:

  • Estresse prolongado; veja mais sobre estresse no trabalho.
  • Esgotamento físico e emocional;
  • Sensação de fracasso;
  • Dificuldades de saúde física.

Não se trata apenas de cansaço, a síndrome corrói a motivação e a energia que sustentam vida profissional e pessoal. Quando falamos em burnout em psicólogos, estamos nos referindo a uma sobrecarga que mistura escuta empática constante, múltiplos atendimentos e pouco tempo para descanso.

Os sintomas descritos oficialmente incluem:

  • Insônia;
  • Sentimentos de derrota;
  • Insegurança constante;
  • Problemas gastrointestinais;
  • Exaustão que não passa nem com descanso.

O burnout, portanto, não se restringe ao ambiente de trabalho: ele invade a vida doméstica, os relacionamentos e até a autoestima. Isso significa que um psicólogo em burnout não sofre apenas no consultório, mas também em sua casa, em sua rotina e em sua relação consigo mesmo. Todas as suas tarefas são afetadas, cada momento também.

O que antes era prazer em ajudar pode se transformar em peso insuportável, sendo assim, o burnout em profissionais da saúde mental precisa ser levado mais a sério coletivamente.

A contribuição de Maslach e Jackson

Não é possível falar de burnout em psicólogos sem mencionar a contribuição fundamental de Christina Maslach e Susan Jackson. Nos anos 1980, essas pesquisadoras norte-americanas desenvolveram o Maslach Burnout Inventory (MBI), um questionário que se tornou a principal ferramenta de avaliação da síndrome. O instrumento ajudou a consolidar o conceito de burnout em três dimensões:

  1. Exaustão emocional: o sentimento de estar drenado, sem energia para lidar com as demandas do trabalho;
  2. Despersonalização: o distanciamento afetivo em relação às pessoas atendidas, que muitas vezes passam a ser vistas de forma impessoal;
  3. Baixa realização profissional: a sensação persistente de ineficácia e fracasso no exercício da profissão.
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O MBI revelou que o burnout não se restringe a uma questão de cansaço físico, mas envolve transformações profundas na forma como o profissional se relaciona com seu trabalho e com os outros.

Ele mostrou que burnout em psicólogos apresenta características preocupantes: a exaustão emocional aparece em níveis muito altos, justamente pelo contato constante com a dor alheia, enquanto a despersonalização surge como um mecanismo de defesa, que pode comprometer a qualidade do atendimento.

Os psicólogos também sofrem de burnout?

Psicóloga negra com cabelo afro vestida com uma blusa social clara e um colete de alfaiataria verde militar e um relógio digital sentada em frente a um computador com a mão sobre um bloquinho e a outra apoiando o rosto, seus olhos estão fechados.

É comum imaginarmos que o psicólogo, por conhecer teorias, técnicas e práticas de autocuidado, estaria de certa forma protegido contra o burnout. No entanto, a realidade é bem diferente: diversos estudos têm mostrado que o burnout em psicólogos é uma realidade crescente.

Isso porque a rotina de atendimento exige uma escuta atenta, empática e constante, somada à carga horária intensa e à responsabilidade de lidar com histórias de sofrimento que podem ecoar dentro de quem ouve. O burnout, nesses casos, surge como um resultado quase inevitável da sobrecarga.

Um artigo da Charles Sturt University, na Austrália, mostrou que os principais precursores do burnout em psicólogos são:

Nas entrevistas dessa pesquisa, muitos relataram atender por mais de 40 horas semanais, estendendo horários, acumulando tarefas acadêmicas e buscando reconhecimento profissional. Além disso, muitos profissionais demonstram confusão com as atividades administrativas, somando obrigações que deixam a prática clínica mais pesada. Confira estratégias de gestão de consultórios psicológicos.

Enquanto cuidam dos seus pacientes, o burnout em psicólogos avança de forma silenciosa e os drena, diminuindo sua satisfação em atender.

O peso do burnout em psicólogos no início da carreira

A American Psychological Association (APA) divulgou pesquisas recentes mostrando que o burnout em psicólogos no início de carreira é muito mais frequente. Entre 2021 e 2023, os dados indicaram que 57,3% dos psicólogos em fase inicial apresentavam sinais da síndrome, contra 22,2% entre profissionais mais experientes.

Esse contraste revela como o começo da jornada profissional pode ser um terreno fértil para o burnout: falta de prática no manejo das demandas, insegurança diante da profissão e a pressão para construir uma carreira sólida em pouco tempo. Confira dicas para psicólogos iniciantes.

O psicólogo recém-formado, muitas vezes, carrega o peso de provar sua competência e gerar renda em ritmo acelerado, o que intensifica o desgaste. E justamente nesse cenário, o burnout em profissionais da saúde mental surge não apenas como exaustão física e emocional, mas também como frustração diante das expectativas não cumpridas.

Muitos relatam a sensação de não serem bons o bastante, justamente por acreditarem que deveriam dar conta de tudo sozinhos. Essa ilusão de autossuficiência, somada à cobrança cultural por produtividade, contribui para que o burnout se instale e comprometa não só a saúde, mas também o futuro da carreira.

Torna-se clara a necessidade de cuidarmos dos jovens psicólogos para que eles não iniciem as suas jornadas na psicologia com o pé esquerdo, com medos e inseguranças, mas sim, com uma vontade inerente de compreender e ajudar os seus pacientes.

A sobrecarga de gênero

Mulher psicóloga tentando trabalhar com um bebê sentado em seu colo. Ela está sentada de frente para um laptop cinza, vestida com uma blusa amarela e seu cabelo é loiro. A mesa é de madeira e há relatórios em cima. O fundo é uma cozinha.

Quando falamos em burnout, é impossível ignorar as desigualdades de gênero que atravessam a vida profissional. Um estudo realizado na Universidade de Gothenburg, na Suécia, entrevistou 857 psicólogos e revelou que, embora homens e mulheres tenham jornadas semelhantes, as psicólogas relatam níveis de exaustão significativamente mais altos.

O burnout em psicólogos do gênero feminino não se explica apenas pelas horas de trabalho no consultório: muitas ainda carregam uma dupla ou tripla jornada, somando responsabilidades domésticas, cuidado com filhos e demandas familiares.

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Mesmo em países reconhecidos pela busca de igualdade, como a própria Suécia, o burnout em profissionais da saúde mental afeta mais fortemente as mulheres, evidenciando que a equidade ainda é um desafio. O psicólogo homem, por sua vez, também sofre com a pressão por produtividade, mas estatisticamente apresenta índices um pouco menores de esgotamento.

Isso revela que o burnout não é apenas um problema individual, mas também social e cultural: recai com mais força sobre quem tem menos suporte e mais responsabilidades acumuladas. No Brasil, essa realidade se repete, e as psicólogas frequentemente são as que mais sentem os efeitos de uma rotina insustentável. Dessa forma, o burnout em psicólogos ganha contornos ainda mais preocupantes no contexto nacional.

O paradoxo do cuidado

Talvez o ponto mais doloroso seja este: o psicólogo, cuja missão é oferecer acolhimento, frequentemente negligencia o próprio bem-estar. Esse paradoxo é um dos grandes motores do burnout em profissionais da saúde mental. Enquanto atende pessoas em crises de ansiedade, depressão ou estresse, o psicólogo pode internalizar dores que não são suas, carregando-as como se fossem.

Esse processo, conhecido como transferência emocional, intensifica a sensação de cansaço e pode se tornar um fator silencioso para o burnout. Em entrevistas realizadas na Austrália, vários psicólogos relataram que a constante exposição ao sofrimento humano gerava impacto direto em suas próprias emoções.

Em alguns casos, o burnout em psicólogos se manifestava como distanciamento afetivo ou dificuldade em manter a motivação. O psicólogo que deveria estar inteiro para escutar seus pacientes se vê esgotado, vivendo o paradoxo de oferecer cuidado sem ter espaço para receber o mesmo. Essa contradição coloca em evidência a necessidade urgente de olhar para a saúde de quem cuida.

Vozes do Cotidiano: o burnout em psicólogos na prática

O burnout em psicólogos deixa de ser uma teoria distante quando olhamos para os relatos de quem vive essa realidade no dia a dia. Um artigo da Universidade Paulista (USP) traz à tona depoimentos marcantes de profissionais que enfrentam o desgaste emocional e físico provocado pela sobrecarga da prática clínica e institucional.

  • A psicóloga A associa dores na coluna ao estresse do trabalho, mostrando como o corpo reflete o excesso;
  • Já a psicóloga B compartilha o desânimo que surge com a sobrecarga, mostrando a dificuldade de dizer “não” às demandas constantes;
  • Enquanto isso, C relata precisar pagar por sua própria terapia, evidenciando abandono institucional; e
  • A psicóloga D aponta reações impulsivas em atendimentos quando o esgotamento atinge níveis críticos.

Essas narrativas dão corpo e voz ao que muitas vezes aparece apenas em estatísticas. O artigo da USP mostra que o burnout em psicólogos não se limita a diagnósticos e inventários, mas se manifesta em dores reais, em dilemas éticos e em sentimentos de solidão frente ao descaso das instituições. É necessário enxergar as dores e as necessidades dos profissionais da saúde mental para que eles não se sintam invisíveis.

Estratégias de proteção ao burnout em psicólogos

Diante desse cenário, surge uma questão prática: como podemos proteger os profissionais contra a síndrome do burnout em psicólogos? O Ministério da Saúde orienta que primeiro, precisamos saber reconhecer os sinais precoces da síndrome, como:

  • Irritabilidade;
  • Alterações no sono;
  • Falta de concentração;
  • Cansaço persistente.

Assim, para evitarmos que o burnout avança e assuma níveis depredadores, é necessário que o profissional volte ao tempo presente, fugindo da cobrança interna e externa à perfeição e à gerar renda e permitindo que ele possa respirar de verdade, sem pressa. Com isso, recomenda-se a adoção de práticas de autocuidado genuíno:

  • Manter uma rotina de sono regular;
  • Buscar apoio social;
  • Reservar momentos de lazer;
  • Respeitar os limites pessoais.

Para o psicólogo, isso significa compreender que cuidar de si não é egoísmo, mas sim uma forma de garantir qualidade de vida e de trabalho. Afinal, reconhecer e prevenir o burnout em psicólogos é também uma maneira de proteção à vida tanto do profissional quando dos pacientes, além de fortalecer a confiança e ajudar na prática clínica.

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Outra recomendação importante é o acompanhamento profissional. Sim, o psicólogo também precisa de espaço terapêutico, onde possa elaborar suas próprias angústias e dificuldades. Esse tipo de cuidado reduz o risco de burnout e fortalece a capacidade de estar presente de forma genuína nos atendimentos.

Além disso, como o cuidado da saúde mental também é uma responsabilidade coletiva, o Ministério da Saúde também sugere medidas institucionais como:

  • A promoção de ambientes de trabalho mais equilibrados;
  • Políticas que combatam jornadas abusivas;
  • Incentivo à prática de exercícios físicos.

Dessa forma, tanto o psicólogo quanto outros profissionais conseguem desenvolver resiliência diante das pressões da vida contemporânea.

Um respiro em meio ao caos e à pressa

Mulher branca e loira meditando com uma camiseta branca curta e calça leve cor de rosa, sentada no chão de pernas cruzadas sobre um tapete branco, laranja e azul. Atrás dela há lanternas penduradas no teto com fios naturais longos, um colchão com roupa de cama bege e algumas almofadas amarelas, um espelho e uma planta. É uma psicologa em prática de mindfullness.

No ritmo acelerado do dia a dia, é fácil esquecer de simplesmente respirar. Pequenos momentos de pausa podem se tornar santuários internos, onde o corpo e a mente encontram espaço para descansar.

Por isso, práticas de mindfulness e meditação oferecem esse refúgio ao psicólogo com burnout. Um minuto de atenção plena, um instante de silêncio, já ajudam a acalmar pensamentos dispersos e a reduzir a tensão acumulada. A respiração consciente conecta o psicólogo consigo mesmo antes de conectar-se com o outro, lembrando que cuidar de si é parte do cuidar.

Livros, música e poesia podem ser aliados silenciosos. Um trecho lido, uma melodia ou uma palavra que toca o coração permitem reconstruir energia e sentido. São gestos simples, mas poderosos, que equilibram a intensidade da rotina e ajudam a reconectar o profissional com sua própria humanidade.

Em meio a agendas lotadas e responsabilidades que se acumulam, esses pequenos respiros se transformam em atos de resistência. Cada pausa e cada instante de presença consigo mesmo fortalecem a capacidade de oferecer cuidado genuíno, sem se perder na pressa e no peso do excesso.

O que podemos aprender sobre o burnout em psicólogos?

Se até o psicólogo, alguém preparado para lidar com questões emocionais, está vulnerável ao burnout, isso nos revela muito sobre a cultura de trabalho que construímos. O burnout em profissionais da saúde mental é, portanto, um reflexo de um sistema que valoriza produtividade acima de saúde, velocidade acima de qualidade, resultados acima de pessoas.

Vivemos em uma sociedade que transforma o cuidado em mercadoria e a dedicação em sobrecarga. O burnout se torna, assim, um sintoma coletivo de quem perdeu o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. O psicólogo é apenas um espelho desse processo: quando ele adoece, fica claro que ninguém está imune.

Precisamos repensar o modo como nos relacionamos com o trabalho. O burnout não é falha individual, nunca foi, mas sim, o resultado de estruturas que incentivam o excesso e ignoram os limites humanos. Precisamos aprender com os psicólogos e reconhecer que buscar ajuda não é fraqueza, mas coragem.

E, como sociedade, devemos oferecer condições para que a síndrome do burnout em psicólogos não seja encarada como um destino inevitável, mas como um desafio a ser combatido com políticas públicas, redes de apoio e valorização profissional. Combatê-lo é uma necessidade coletiva.

Cuidar de quem cuida

Psicólogo homem careca com barba escura de blusa social branca, paletó cinza escuro e calça jeans de lavagem escura sentado num sofá claro segurando uma prancheta olhando para uma mulher, sua paciente, que está a falar. Atrás deles há uma estante de madeira pinus. A parede é bege claro.

O aumento dos casos da síndrome acende um alerta urgente: precisamos cuidar de quem cuida. O burnout em psicólogos escancara a vulnerabilidade de profissionais essenciais, que dedicam sua vida ao alívio do sofrimento humano. Esses trabalhadores não são heróis invencíveis, mas pessoas que também sentem, sofrem e precisam de cuidado.

Reconhecer o burnout em profissionais da saúde mental é um passo fundamental para valorizarmos ainda mais seu papel. Ao final, a pergunta que fica é: como podemos, coletivamente, criar um ambiente mais saudável?

A resposta passa por políticas públicas, mas também por atitudes individuais e culturais. É necessário lembrar que o psicólogo precisa de descanso, suporte e acolhimento tanto quanto qualquer paciente. A síndrome do burnout nos mostra os limites da nossa humanidade e talvez, ao acolhermos essa realidade, possamos construir relações de trabalho mais justas, mais humanas e mais sustentáveis para todos.

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