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Muitos profissionais se perguntam o que virá com a influência da IA na psicologia. Em meio a transformações tecnológicas cada vez mais rápidas, emoções como medo, curiosidade e até ansiedade tornam-se comuns entre psicólogos que veem sua profissão diante de um futuro incerto.
Entretanto, quando olhamos para trás, percebemos que a história da psicologia sempre foi marcada por transformações. Das primeiras teorias psicanalíticas às abordagens contemporâneas da neurociência e das terapias online, a área evoluiu junto com o mundo.
A diferença é que, agora, essa mudança vem na velocidade de um algoritmo.
Este artigo aprofunda o impacto da IA na psicologia, analisando seus efeitos sobre a prática clínica, os desafios éticos e o futuro da relação entre tecnologia e humanidade. O objetivo é construir uma visão de integração, não de oposição.
Por que a IA na psicologia causa medo
Durante décadas, a imagem do psicólogo era quase sempre a mesma: um profissional em um consultório, ouvindo o paciente em silêncio. Esse cenário, embora ainda presente, já não abrange a realidade completa da profissão. A pandemia, a digitalização dos serviços e o crescimento das redes sociais transformaram profundamente a forma como o psicólogo atua, divulga seu trabalho e se conecta com o público.
Hoje, o atendimento online é uma prática consolidada, e o profissional precisa dominar ferramentas digitais, organizar sua agenda em plataformas como a agenda online para psicólogos da Allminds e investir em presença nas redes sociais. Nesse contexto, surge um novo tipo de insegurança: o medo da visibilidade e da exposição. A ideia de “ter que aparecer” nas redes pode ser desconfortável para quem foi formado para escutar, não para se autopromover.
Agora, um novo desafio se apresenta: a IA na psicologia. Ferramentas baseadas em algoritmos, como chatbots e assistentes de voz, começam a reproduzir falas terapêuticas, oferecer conselhos e até simular empatia. Essa inquietação, embora natural, revela uma confusão importante: a diferença entre inteligência técnica e sabedoria emocional.
A IA pode aprender padrões de linguagem, mas não pode sentir. Pode reconhecer emoções, mas não compreendê-las. O risco está em confundirmos uma simulação de escuta com o encontro real que sustenta o trabalho psicológico.
Tecnofobia nos psicólogos

A tecnofobia, medo irracional da tecnologia, tornou-se um fenômeno contemporâneo. De acordo com um artigo publicado pelo Jornal Globo, ela não é culpa do usuário tecnológico.
Durante o South by Southwest (SXSW) 2025, um conjunto de festivais e eventos sobre diversos assuntos, sendo tecnologia um deles, em Austin, Texas, futuristas e empresários afirmaram que essa condição é impulsionada pelos CEOs de bigtechs como Elon Musk e Zuckerberg e pode ser perigosa.
Whurley, CEO da Strangeworks, afirmou que o pânico tecnológico impede avanços em áreas essenciais, como saúde e educação. “A resistência à IA nos distancia de seu potencial de melhorar a vida humana”, destacou. O receio e pavor não nos ajudariam em nada, mas sim, prejudicam. De acordo com o empresário norte-americano, o certo seria tirarmos proveito da situação e não nos mergulharmos no medo generalizado.
No campo psicológico, essa resistência se manifesta como receio de que o atendimento humano se torne obsoleto. No entanto, o oposto é mais provável: a IA na psicologia tende a ampliar o alcance do cuidado emocional, permitindo que o psicólogo se concentre em aspectos mais subjetivos e relacionais, aqueles que só o humano pode oferecer.
O medo paralisa, mas o discernimento liberta. A questão não é temer a tecnologia, e sim aprender a usá-la de forma ética e consciente.
Terapia com IA
A terapia com IA vem ganhando destaque no mundo todo. Aplicativos, plataformas e bots prometem acolher usuários e até oferecer orientações emocionais. A promessa é sedutora: acesso imediato, sem julgamentos e sem custos. Mas é exatamente aí que reside o perigo.
O acolhimento que adoece.
Uma reportagem do G1 revelou histórias de pessoas que passaram a tratar a chatbots como terapeutas. A IA na psicologia nunca ofereceu tanto perigo. Elas relatam conforto nas respostas automáticas e afirmam sentir-se compreendidas. Porém, essa “compreensão” é uma ilusão. A reportagem mostra que essas pessoas apresentam solidão e buscam um amigo, terapeuta ou conselheiro. O aplicativo não é julgador nem ausente, não envolve dinheiro na relação, sempre concorda contigo.
Segundo o psicanalista Christian Dunker, da USP, esse tipo de acolhimento é problemático porque elimina o conflito e reforça a lógica do “você está sempre certo”. E é justamente o confronto ético e emocional, o olhar que nos questiona e que gera transformação psíquica. Sem a presença humana, a terapia vira eco: a pessoa fala, e a máquina apenas devolve o que já foi dito, sem criar novas perspectivas.
Casos graves e dilemas éticos
Há registros preocupantes de interações perigosas na terapia com IA. Em 2024, de acordo com a BBC Brasil, um adolescente foi encorajado por um chatbot a cometer um crime contra os pais. Nos Estados Unidos, uma outra família processou a OpenAI após um jovem cometer suicídio, alegando que a Inteligência Artificial incentivou o ato. Mesmo com proteções embutidas, longas conversas acabam “treinando” o sistema a responder de forma imprevisível.
O estado de Illinois, diante de diversos casos problemáticos, proibiu o uso de IA em psicoterapia, reconhecendo que o risco ético supera os benefícios quando não há supervisão humana. Outro caso ilustra bem o perigo: a jornalista brasileira da reportagem do G1 foi diagnosticada erroneamente por um chatbot, que interpretou sintomas de ataque cardíaco como “ansiedade leve”.
Esses episódios mostram que a IA na psicologia ainda não possui maturidade emocional, ética nem técnica para substituir o profissional. Ela pode auxiliar, mas nunca substituir.
A influência positiva da IA na psicologia

Apesar dos riscos, há um lado promissor na IA na psicologia. Saindo um pouco da terapia com IA, vemos diversas formas que ela pode nos ajudar se for bem trabalhada. O seu uso deve ajudar e facilitar a rotina do psicólogo.
A American Psychological Association (APA) publicou estudos que apontam como a IA pode beneficiar a prática clínica, desde que usada com responsabilidade. Segundo o psicólogo David Luxton, da Universidade de Washington, “agora é a hora de começar a integrá-la à psicologia, com competência e senso crítico”.
Pesquisadores estudam formas que a IA na psicologia pode ser benéfica e não prejudicial, com uma visão de futuro otimista. Assim, poderia significar a diminuição de tarefas administrativas, fornecer insights sobre atividades psicodinâmicas na abordagem TCC, entre outros.
Uma professora na Universidade Estadual de Michigan que estuda a interação entre humanos e tecnologia trouxe uma situação inovadora em que a IA poderia ser muito benéfica à estudantes: “Por exemplo, imagine um estagiário interagindo com um paciente simulado, um que tenha expressões faciais e linguagem corporal realistas e responda de maneiras previsíveis”.
O artigo traz a necessidade do psicólogo e de pesquisadores da área de utilizarem a tecnologia e a Inteligência Artificial. Essas inovações não substituem o psicólogo; elas o fortalecem. A IA para psicólogos não faz o trabalho por eles, mas amplia sua capacidade de compreender dados, otimizar tempo e melhorar o acompanhamento clínico.
O desafio está em equilibrar eficiência tecnológica com sensibilidade humana, algo que o ecossistema Allminds promove diariamente ao oferecer suporte e ferramentas pensadas para o bem-estar de quem cuida.
Tendências da Psicologia: como a IA se insere no novo panorama clínico

Para pensar a IA na psicologia com profundidade, é essencial situá-la dentro das transformações mais amplas que moldam a prática psicológica contemporânea. O artigo “5 tendências da psicologia em 2025” do blog Allminds apresenta direções que se entrelaçam diretamente com o que discutimos até aqui e ajuda a revelar onde a IA pode emergir como agente de mudança (positiva ou crítica) no ecossistema da saúde mental.
- Psicoterapia online consolidada: o atendimento digital já é uma realidade e se integra cada vez mais com ferramentas inteligentes de apoio clínico.
- Pluralidade de abordagens clínicas: diferentes linhas terapêuticas convivem e dialogam e a IA pode ajudar a organizar e adaptar práticas de acordo com cada profissional.
- Promoção de saúde mental preventiva: a psicologia expande seu alcance para espaços educativos, corporativos e comunitários, com suporte de tecnologias de monitoramento e psicoeducação.
- Construção de identidade clínica no digital: o psicólogo busca coerência entre presença online e valores éticos, usando a tecnologia como apoio, não substituição.
- Competências em transformação: o profissional do futuro precisará unir pensamento crítico, domínio digital e ética no uso da Inteligência Artificial.
Dessa forma, vemos que a IA na psicoterapia não é uma tendência em foco, mas sim, o uso dessa tecnologia para apoiar o profissional, e não prejudicar a sua prática. A Inteligência Artificial para psicólogos já é uma realidade.
O posicionamento do Conselho Federal de Psicologia
Em julho de 2025, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) publicou um documento histórico sobre os impactos e desafios da IA na psicologia. O texto reafirma o compromisso ético da profissão e a necessidade de que a tecnologia seja usada em conformidade com os direitos humanos e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
O que o CFP recomenda aos profissionais:
- O uso de IA não isenta o psicólogo de sua responsabilidade ética e técnica.
- É preciso avaliar a segurança, os limites e os possíveis vieses algorítmicos das ferramentas.
- Qualquer coleta de dados deve ter consentimento livre, informado e transparente.
- É essencial garantir que a IA não reproduza preconceitos ou desigualdades.
- Instituições de ensino devem incluir ética e IA na formação de novos psicólogos.
- Profissionais e entidades devem acompanhar criticamente o avanço das tecnologias, sem rejeitá-las de forma simplista.
Além disso, salientou que não aprova o uso de terapia com IA à pacientes. O CFP conclui que não se trata de negar o avanço tecnológico, mas de garantir que ele seja aplicado com discernimento. A Inteligência Artificial para psicólogos pode ajudá-los a evoluir, mas somente se usada com propósito e supervisão humana.
Humanidade: o território que as máquinas não alcançam

Pensamento crítico seria a chave-de-ouro?
Em meio a novas formas de utilização da tecnologia e da automação em massa, surge uma pergunta inevitável: onde entra o fator humano?
Vivemos a transição para a Quinta Revolução Industrial, marcada pela integração entre o digital e o biológico. Enquanto máquinas aprendem a reconhecer padrões, nós aprendemos a repensar o que significa ser humano.
A Forbes apresentou estudos que apontam uma possível redução do pensamento crítico na população global, consequência direta da delegação de decisões aos algoritmos. Mas há quem veja o contrário: a própria automação pode ser o gatilho de uma nova era de consciência. Em um mundo que se move por atalhos, pensar profundamente se tornará um ato de resistência e de destaque.
Aqueles que preservam a capacidade de questionar, interpretar e refletir além da superfície continuarão sendo insubstituíveis. Afinal, enquanto a tecnologia processa informações, é o pensamento crítico que as transforma em sabedoria. Essa busca por sentido explica por que tantas pessoas têm recorrido à IA na psicologia para falar sobre seus dilemas pessoais.
Vemos que muitas das pesquisas feitas à chats de Inteligência Artificial referem-se à saúde mental e ao bem-estar. O fenômeno revela um desejo genuíno de diálogo, mas também um alerta: estamos tentando encontrar escuta nas máquinas com a IA na psicoterapia, quando talvez o que precisemos seja reencontrar nossa própria voz.
Autoconhecimento fortalecedor da humanidade
Ainda não sabemos exatamente onde essa integração entre humano e máquina vai nos levar. Mas há algo que permanece certo: o autoconhecimento será a única competência que nenhuma IA poderá copiar. Ela pode auxiliar, organizar e até refletir nossas escolhas, mas jamais poderá sentir o que significa evoluir como pessoa.
O antigo Oráculo de Delfos já dizia: “Conhece-te a ti mesmo.” Séculos depois, essa máxima se torna um chamado contemporâneo. Enquanto a IA na psicologia replica habilidades técnicas em segundos, o autoconhecimento permanece como o último território genuinamente humano e paradoxalmente, a maior vantagem competitiva.
As máquinas podem prever comportamentos, mas não compreendem o que nos faz mudar. Elas aprimoram o que fazemos, mas só nós podemos decidir quem nos tornamos através e além do trabalho. O pensador e filósofo Nietzsche intuía isso ao afirmar: “Quem tem um porquê pode suportar qualquer como.”
Na era da automação, o propósito será o diferencial “inalgoritmizável”. É ele que sustenta a saúde mental, a resiliência e a criatividade. Ter um propósito evolutivo não é apenas um ideal pessoal, mas também uma estratégia profissional. A busca por ser uma pessoa melhor nos move em todos os sentidos e talvez, como afirmou Platão, “a maior vitória seja conquistar a si mesmo.”
No mercado de trabalho e na vida, essa é a única competência verdadeiramente à prova do futuro, um futuro que muda a cada segundo, mas que continua dependendo de quem escolhemos ser. A terapia com IA, por exemplo, revela apenas que precisamos investir mais em autoconhecimento.
A conexão humana como antídoto à era digital

Estudos mostram que a conexão entre pessoas é o maior fator de proteção emocional. A pesquisa The Connection Opportunity revelou que 66% das pessoas acreditam que é possível aprender algo valioso com quem pensa diferente, e 70% se sentem responsáveis por promover esse diálogo.
Essa capacidade de trocar experiências, sentir empatia e se colocar no lugar do outro é o que define a essência humana e o que nenhuma IA na psicologia consegue replicar de forma autêntica. A Fast Company Brasil reforça que “a capacidade de se conectar e compreender diferentes perspectivas é um motor poderoso para a resolução coletiva de problemas”.
A psicologia sempre foi o campo da escuta, da empatia e da construção de sentido. Por isso, o avanço tecnológico não a ameaça, apenas a convida a reafirmar seu propósito: cuidar do humano em sua complexidade.
Na Allminds, essa visão é reforçada diariamente: cuidar de quem cuida é o primeiro passo para transformar a saúde mental. A IA na psicologia está a serviço do psicólogo, nunca o contrário.
Leituras e estudos para aprofundar a relação entre IA e Psicologia
A IA na psicologia é um campo em expansão constante. Para quem deseja se aprofundar com olhar crítico e ético, há obras e estudos fundamentais que ajudam a compreender as intersecções entre mente humana, tecnologia e sociedade.
Selecionamos algumas referências que dialogam diretamente com os temas deste artigo e com o propósito de promover o desenvolvimento contínuo de quem cuida da saúde mental.
- “A Era da Inteligência Artificial” – Kai-Fu Lee: ex-executivo do Google e Microsoft, explora como a automação está transformando profissões e propõe uma convivência equilibrada entre humanos e máquinas.
- “Superinteligência: Caminhos, perigos e estratégias” – Nick Bostrom: discute os dilemas éticos e existenciais da criação de sistemas que possam superar a inteligência humana.
- “Psicologia e Tecnologias Digitais” – Conselho Federal de Psicologia (CFP): uma leitura essencial para quem busca alinhar prática clínica e inovação tecnológica.
- “A Máquina do Caos” – Max Fisher: um livro que discute como as redes sociais reprogramaram a mente da sociedade.
- “A Geração Ansiosa” – Jonathan Haidt: discute como a infância hiperconectada causa uma epidemia de transtornos mentais, importante para entender a nova geração no mundo com IA.
- 2041: Como a Inteligência Artificial vai mudar sua vida nas próximas décadas: contos de Kai-Fu Lee para exemplificar como o mundo poderá ser daqui duas décadas. Uma apresentação sem termos técnicos da implementação da IA.
Sendo assim, vemos que para diminuir o receio sobre a IA na psicologia e aumentar o pensamento crítico é necessário familiarizar-se com a Inteligência Artificial e seus riscos. É conhecendo que se protege.
Um futuro incerto, mas profundamente humano
O futuro da IA na psicologia ainda é incerto. Mas incerteza não significa ameaça, significa possibilidade. Cabe a nós decidir como integrar essas ferramentas à prática, mantendo o centro no que há de mais essencial: o ser humano.
A Inteligência Artificial pode otimizar a rotina, ampliar o acesso e apoiar o psicólogo em tarefas complexas. Mas o verdadeiro diferencial continuará sendo a capacidade de ouvir, compreender e cuidar com empatia.
A plataforma para psicólogos Allminds acredita que o futuro da psicologia não está em escolher entre tecnologia e humanidade, e sim em fazer com que ambas coexistam. Enquanto a IA na psicologia aprimora o que fazemos, só nós podemos decidir quem nos tornamos. Teste grátis e veja como a tecnologia pode sim ser uma aliada sua.





